Parece assunto de ficção científica não é mesmo? Mas os carros autônomos estão cada vez mais perto de se tornarem reais. Se você quer saber mais sobre esse cenário e entender melhor o assunto, leia esse artigo até o final.

É quase surreal pensar que em pouco tempo andaremos em veículos autônomos, capazes de se locomover sem um motorista.

Realmente, esse parece um cenário de algum filme de ficção científica, ou mesmo de um desenho animado.

Na verdade, essa realidade que, há pouco tempo parecia muito próxima, nos últimos meses se tornou um pouco mais distante do mercado nacional.

As prospecções que antes indicavam a disponibilidade dessa tecnologia no país em 2021, agora mostram outras projeções.

Mesmo com todo o empenho das montadoras para provar que são capazes de desenvolver essa tecnologia de maneira segura, algumas questões sobre o assunto estão levantando polêmicas.

Além disso, é possível que a legislação brasileira acabe atrasando o surgimento dessa inovação nas ruas no nosso país.

O cenário dos carros autônomos no Brasil e no mundo
Imagem: Getty Images

Quando o interesse por carros autônomos surgiu?

Na verdade, esse é uma das ideias que habita o imaginário de muitas pessoas há um bom tempo, especialmente aquela geração que cresceu assistindo filmes futuristas e desenhos como os “Os Jetsons”.

No entanto, apenas em meados de 2008 e 2010 que esse assunto realmente começou a ganhar base sólidas e investimentos reais.

Entre as ideias cogitadas a que ganhou mais repercussão certamente foi a anunciada pela gigante Google.

Em 2010, a Google alegou interesse em criar um carro autônomo, a fim de reduzir os números de acidentes de trânsito, além de promover um maior tempo livre, mais qualidade de vida para as pessoas e reduzir a emissão de gases poluentes, uma vez que esses veículos seriam movidos a energia elétrica apenas.

A empresa de fato desenvolveu esse carro autônomo que ao longo dos anos que se seguiram obteve excelentes resultados circulando por literalmente milhões de quilômetros nas ruas de Mountain View e da Califórnia, regiões próximas à sede da empresa.

Porém, até o momento o carro ainda não foi produzido, devido alguns acidentes ocorridos com o protótipo.

Mesmo a maior parte deles sendo promovidos por ações humanas, a empresa achou viável que mais estudos e testes fossem feitos antes de disponibilizar a produção do modelo em grande escala.

Outras empresas também investiram nos carros autônomos

O sucesso da empresa Google foi tão grande que, outras empresas resolveram entrar na pesquisa e começaram a desenvolver suas versões de carros autônomos, como a Tesla, por exemplo.

Que em 2016 anunciou que todos os seus carros estariam saindo de fábrica com um sistema autônomo instalado.

Ainda desativado, mas, capaz de colher dados e aprender como deverá se comportar nas ruas, quando finalmente for ativado.

No vídeo a seguir é possível ver uma pequena reportagem da revista exame, com imagens do veículo da Tesla em questão.

Outra empresa que têm mostrados ótimos resultados é a Honda.

Que tem investido muito na área e já conta com diversos programas semiautônomos completamente aptos a funcionarem e já rodando por aí em modelos como o Civic, por exemplo.

Entenda como a tecnologia dos carros autônomos funcionam

Para que o entendimento do sistema fique mais simples, usaremos como exemplo o modelo do Google.

Mas, de um modo geral todos os sistemas autônomos funcionam de maneira similar.

O carro autônomo desenvolvido pela empresa possui um sensor acoplado na parte superior do veículo que, com o auxílio de software cria um mapa tridimensional ao redor do carro, em um raio de aproximadamente 60 metros.

Esse equipamento também dispõe de uma câmera capaz de identificar o trânsito e possíveis objetos (ou pessoas) a frente do veículo.

Além dele, mais quatro sensores estão localizados nas extremidades laterais do veículo, para que ele seja capaz de identificar distâncias em qualquer sentido.

O carro é movido por energia elétrica, que promove energia ao motor quando o carro é acionado por comandos que o fazem acelerar, frear e movimentar o volante.

Carros autônomos no Brasil

Ao contrário do que muitas pessoas podem imaginar, o Brasil já possui carros autônomos, dois para ser mais exato.

Um chamado CaRina – Carro Robótico de Navegação Autônoma, desenvolvido pela equipe do Laboratório de Robótica Móvel da USP, na cidade de São Paulo, e testado com sucesso nas ruas de São Carlos.

O CaRina começou a ser criado em 2010 e passou a ser testado em 2012.

O outro veículo autônomo brasileiro é o IARA – Intelligent Autonomous Robotic Automobile, desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do Laboratório de Computação de Alto Desempenho (Lcad) da Ufes, coordenados pelo professor Alberto Ferreira de Souza, no Espírito Santo.

O IARA por sua vez foi mais longe, realizando em maio de 2017, uma viagem de 74 km, entre a o campus da universidade em Goiabeiras, na cidade de Vitória, até uma praia na cidade de Guarapari, completamente no modo autônomo.

Ou seja, nós temos sim capacidade para desenvolver esse tipo de tecnologia, o que falta ao Brasil é investimento, programas de incentivo e uma legislação mais preparada para receber essa tecnologia.

E é exatamente esse panorama que desanima os cientistas e entusiastas da área.

Barreiras legais impedem o avanço dos carros autônomos no Brasil

Assim como na maioria dos casos no Brasil, a lei parece não estar a favor dos avanços tecnológicos que estão acontecendo pelo mundo e aqui dentro do país.

Ainda não existem sequer projetos de leis que regulamentam o comércio, regras de utilização e prazos desses processos.

As pesquisas estão muito avançadas nesse setor brasileiro e as expectativas são grandes, mas, para que esses carros possam ser produzidos em larga escala e comercializados, é preciso que exista um projeto como esse, é preciso que haja respaldo e/ou orientação.

Mercado de carros autônomos no Brasil

Por enquanto, no Brasil existe apenas uma empresa realmente focada nos carros autônomos.

A startup 3DSoft, que foi criada pelos ex-pesquisadores da USP, os responsáveis pelo CaRina.

Mas, essa ainda pequena empresa não tem seu foco na criação de veículos autônomos e sim no desenvolvimento e produção de tecnologias capazes de transformar qualquer carro em autônomo.

Esse mercado não é novo no cenário mundial, mas, no Brasil ele ainda é um recém-nascido.

Fora essa startup, existem alguns profissionais de outras empresas que falam e ainda falaram muito sobre esse assunto no país.

Funcionários de empresas como WeMuv Summit; Head de Digital; Volkswagen; Instituto PARAR; Webmotors; Ticket Log e mais algumas empresas que até o momento e provavelmente pela próxima década, tornaram esse assunto algo mais natural entre os brasileiros.

Barreiras psicológicas

Existe um problema criado pelo homem que pode atrapalhar o desenvolvimento dessa tecnologia, o medo de inteligências artificiais e da possibilidade dessas máquinas tomarem decisões sem sentido e irem contra os seres humanos.

Essa é uma lógica desenvolvida no imaginário das pessoas, e frequentemente abordada em histórias de ficção científica.

Mas, que na realidade pode atrapalhar o desenvolvimento desse mercado.

Por esse motivo, um dos assuntos muito discutidos no meio cientista é sobre a necessidade de não deixar essa tecnologia completamente autônoma, tendo ao menos alguns comandos básicos ainda dependentes dos seres humanos.

Além de garantir que suas tomadas de decisões sejam transparentes. Assim, as pessoas poderão se sentir mais seguras ao entrar nos veículos.

Por essa razão, nem todas as empresas optaram pela retirada completa de volantes e pedais.

Mecanismos que darão as pessoas dentro do carro a oportunidade de assumir o controle caso seja necessário.

Países mais preparados para os carros autônomos

Uma pesquisa da empresa KPMG, sobre os países mais bem preparados para o recebimento de tecnologias automotivas autônomas, elaborou um ranking com 20 posições e o Brasil ocupa o 17º lugar.

Nessa pesquisa foram avaliados 4 quesitos, que de acordo com os pesquisadores responsáveis pelo índice, são os que tornam um país pronto para receber esse tipo de tecnologia.

Esses fatores são:

  • Aceitação pela população dos carros autônomos;
  • Inovações e tecnologias;
  • Infraestrutura;
  • E políticas e leis locais.

Talvez não seja preciso dizer, mas os quesitos responsáveis por deixar o Brasil quase em última posição, são os fatores políticos e legislativos.

Por isso, não podemos esperar que tão cedo esses veículos comecem a circular por nosso país.

De acordo com a medição feita pela empresa, o Brasil ocupa respectivamente as seguintes posições em cada um desses quesitos: aceitação da tecnologia – 14º lugar; inovações e tecnologias – 18º lugar; infraestrutura – 19º lugar e política e legislação – 20º lugar.

Veja a seguir o ranking dos países considerados os mais aptos a receber essa tecnologia nas ruas:

Posição no ranking País
01º Holanda
02º Cingapura
03º Estados Unidos
04º Suécia
05º Reino Unido
06º Alemanha
07º Canadá
08º Emirados Árabes Unidos
09º Nova Zelândia
10º Coréia do Sul
11º Japão
12º Áustria
13º França
14º Austrália
15º Espanha
16º China
17º Brasil
18º Rússia
19º México
20º Índia

Tabela 1: www.noticiasautomotivas.com.br

O cenário dos carros autônomos pelo mundo

Como era de se esperar, os Estados Unidos estão um, ou mais passos, a nossa frente.

Aparentemente esse ano, foi aprovada uma lei no Estado da Califórnia que permite o teste de carros autônomos sem a presença de seres humanos.

O governo estadual alegou que a lei antiga limitava o desenvolvimento tecnológico e que por isso, a partir de outubro de 2018 os cientistas poderão realizar testes remotamente com carros autônomos.

A Califórnia é o estado onde o Vale do Silício está localizado, as maiores empresas de tecnologia estão por lá, e essa liberação certamente dará uma projeção maior ao assunto e aos investimentos em testes e programas.

Outra movimentação mundial sobre o assunto envolve o fato da Câmara dos Deputados do Estados Unidos ter liberado uma lei que abrange a produção de carros autônomos e fornece incentivos fiscais às empresas que atuam nessa área.

Na Europa as leis são um pouco diferentes, junto com as alterações feitas na Convenção das Nações Unidas a respeito do Trânsito Viário, que ocorrem em 2014.

O continente autorizou que os carros autônomos circulem com um motorista sem as mãos no volante.

Mas, é preciso que esse esteja presente e possa assumir o controle do veículo caso alguma falha do sistema aconteça.

O que mudou no cenário dos carros autônomos nos últimos tempos?

A Google, empresa pioneira no desenvolvimento deste tipo de tecnologia, criou a Waymo para que os esforços nessa área pudessem ser mais focados.

Essa mudança fez com que todos os projetos nessa área já em andamento fossem tocados com mais atenção e empenho.

Mas, mesmo diante de tantos esforços, os executivos responsáveis pela Waymo alegam que as possibilidades de o veículo completamente autônomo chegar às mãos do consumidor comum ainda deve demorar.

Segundo estudiosos da área a autonomia veicular pode ser classificada em níveis, e o último deles, chamado de nível cinco, que garante uma autonomia completa do veículo, está longe de acontecer.

Isso porque, segundo Dmitri Dolgov, engenheiro chefe da Waymo, a ideia principal não é criar um carro especial, mas sim um sistema inteligente capaz de comandar um veículo sem a interferência de humanos.

Para isso, é preciso que os avanços com a inteligência artificial sejam reais e seguros.

Até que a autonomia completa chegue ao mercado, será possível desfrutar do que já existe, sistemas separados capazes de dar autonomia a algumas funções do veículo.

Enquanto isso, as discussões sobre a inteligência artificial e todos os benefícios e possíveis problemas que ela pode trazer continuam acaloradas.

No Brasil, esse futuro parece estar ainda mais distante do que no resto do mundo, no entanto, as evoluções tecnológicas voltadas a mobilidade e conectividade estão evoluindo de uma maneira muito encorajadora, por aqui.

Benefícios para o meio ambiente e o trânsito

Existem alguns benefícios que os carros autônomos podem trazer que são incontestáveis, por exemplo, a redução de até 60% da emissão de poluentes, já que eles são todos elétricos.

O aumento na qualidade de vida também é uma promessa, já que apenas na cidade de São Paulo, um motorista passa em torno de 45 dias por ano dirigindo em congestionamentos.

Com os carros autônomos, esse tempo poderá ser aproveitado de uma maneira mais interessante, como lendo um livro por exemplo.

Além disso, os carros autônomos prometem reduzir os acidentes automobilísticos nas ruas em até 90%, já que esse é o índice de causas derivadas de falhas humanas nos mesmos.

O impacto dos carros autônomos na cultura brasileira

O mundo está cada vez mais próximo de passar por uma grande mudança no cenário da mobilidade.

E nesse passo, existem três fatores que precisam ser considerados, energia elétrica, compartilhamento e automatização.

Essas três palavras serão as principais responsáveis por promover diversas mudanças no cenário brasileiro atual, tanto de tecnologia como culturalmente falando.

A mudança necessária para o uso de energia elétrica e limpa nos carros autônomos incentivará o uso dessa mesma energia em diferentes setores da atualidade.

Quando falamos de compartilhamento, nos referimos ao fato de que os carros autônomos não precisaram mais de um monte de peças, simplesmente por não serem produzidos para que um motorista os guie.

Com menos peças, também existiram menos falhas mecânicas.

Com veículos autônomos e resistentes, em pouco tempo as pessoas desenvolverão formas de compartilhar seus veículos com outras pessoas ou mesmo dispositivos.

E por fim a automação, que empregará uma série de fatores capazes de reduzir em muito as falhas humanas que provocam tantos acidentes pelas ruas, tornando assim o dia a dia das pessoas muito mais seguro.

Além de oferecer conforto e segurança ao motorista os planos de automação dos veículos prometem promover o fornecimento de dados e ações importantes que elevaram em muito a qualidade de vida das pessoas.

Questões levantadas com os carros autônomos

Há quem acredite que com a chance de compartilhar viagens com carros autônomos, confortáveis e seguros, é possível que em pouco tempo, as pessoas estejam optando apenas por esses meios de transporte, deixando de lado os transportes públicos.

Já outras pessoas creem que os transportes públicos deverão se adaptar à nova realidade.

Outra questão recorrente em relação a esse assunto é o fato de que os brasileiros responsáveis pela criação de leis capazes de fiscalizar e validar essa atividade no Brasil, precisam correr contra o tempo.

Enquanto nos Estados Unidos já existe uma lei que permite o teste desses veículos sem a presença de um motorista e forneça incentivos fiscais.

Por aqui, esse assunto está no passo de uma tartaruga.

Algumas pessoas, como o Michael Peter, CEO de Mobilidade da Siemens, acreditam que é necessário olhar com extrema atenção para essa evolução tão importante.

Caso isso não seja feito, ao invés de melhorar a segurança e a qualidade de vida das capitais e cidades maiores serão sempre, apenas piorará.

É preciso que esses veículos sejam muito bem desenvolvidos para que as falhas de fato não aconteçam.

Mercado de seguro auto para carros autônomos

Outra questão que precisa ser abordada é o mercado de seguro auto para esses carros autônomos.

Apenas no ano de 2017, a Intel investiu aproximadamente US$ 250 milhões nesse setor.

E esse investimento aliado aos avanços das pesquisas sobre carros autônomos vem obrigando as seguradoras a pensarem em produtos mais tecnológicos para serem oferecidos aos seus futuros clientes.

Com veículos mais digitais e sem tanta interferência de seres humanos em seu manuseio, será preciso que as coberturas de seguros sejam alteradas.

Para que essas mudanças sejam de fato funcionais, é preciso que as empresas de seguro calculem todas as alterações de mercado e comportamentais que os carros autônomos trarão para a realidade das pessoas. E isso demanda tempo.

Assim como, ainda não existem carros autônomos sendo comercializados, também não foram criadas coberturas novas para atender esse mercado.

Mas, elas já estão sendo estudadas por muitas empresas grandes do setor.

Esse é um assunto que poderia facilmente ser muito mais discutido, mas, é interessante que se aguarde os próximos passos dessa jornada de desenvolvimento automobilístico para que seja possível abordar o tema novamente, mas dessa vez de uma maneira mais sólida, sem tantas suposições.

O fato é que os carros autônomos estão prestes a se tornar uma realidade e, junto com essa nova verdade mundial, surgiram muitos novos aspectos a serem alterados em nossas rotinas.

Uma coisa não se pode negar, certamente quando toda essa tecnologia estiver pronta e funcionando com precisão, a qualidade de vida das pessoas que terão acesso a ela será infinitamente maior.

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4 Comentários

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  • Erick says:

    Bom dia,

    Deveria investir em infra estrutura de estradas.
    Pois são muito ruins.
    Saúde e educação ainda muito ruim.
    Com essa tecnologia, será pior ainda.
    Desemprego geral e aumento da violência.
    E como sempre, qualificação para trabalhar com essa tecnologia 0.
    Temos coisas mais emergentes para tratar.

    Até

  • Marcelo Henrique says:

    Bom dia,

    A questão é a seguinte, se não está na Lei, não é proibido. Não tem que um carro não pode “dirigir sozinho” nas estradas, então se o guarda ver um carro sem motorista atrás do volante, vai fazer o que? Multar por não usar o cinto de segurança?

  • Marcelo Mello says:

    Oi,

    Muito bom o artigo, atualmente participo de uma startup Californiana, que entrega upgrade de carros produzidos em série para Nível 2! Estou testando no Brasil e posso dizer que funciona muito bem no Honda Accord, equipado com Sistema Honda Sensing!

    Até mais

  • Raphael says:

    Bom dia,

    O grande problema desse avanço desenfreado da tecnologia, é justamente o imenso impacto em nós seres humanos. Esses carros autônomos acabariam com muitas profissões e gerariam um desemprego enorme. Taxistas, motoristas de aplicativos, entre outras profissões que tiram o sustento de trás do volante, ficariam sem ter o que fazer. Antes de os governos pensarem em aprovar e implementar essas tecnologias em seus países, deveriam primeiro pensar no que fazer com as pessoas que perderão seus empregos e não terão como se sustentar e sustentar suas famílias. Tecnologia é algo muito bom, desde que não atrapalhe o ser humano.

    Até mais.