Há quase um ano o Exército Brasileiro informou as novas regras para blindagem de carros vigentes no país. Você já conhece todas elas? Se não, leia esse artigo até o final e descubra quais são.
Os carros blindados são uma garantia de maior segurança, especialmente quando se é uma pessoa pública ou um empresário conhecido. No entanto, essa proteção que nunca foi muito simples de ser conseguida, no ultimo ano ganhou uma legislação nova.
O Exército Brasileiro, responsável por regulamentar a prática de blindagem de veículos no país, divulgou em junho de 2017 algumas regras novas que estão, desde então, causando muitas dúvidas na cabeça das pessoas. Por isso, montamos esse artigo completo, com todas as informações e dicas necessárias sobre regras para blindagem de carro.
Entenda como funciona a blindagem de carros
A primeira coisa importante a ser compreendida é como se dá o funcionamento da blindagem de carros. Muitas pessoas quando ouvem as palavras blindagem de carros, imaginam que o processo consiste em trocar a lataria do veículo por uma mais resistente.
Na verdade, não funciona bem assim. O processo de blindagem de carros consiste em revestir o interior do veículo, fazendo assim com que a parte externa se torne mais resistente.
As partes internas como os forros, vidros e os bancos são desmontados e reforçados com placas de balísticas, que acopladas a lataria entre essa e o forro, fazem com que a carroceria do veículo seja mais resistente a impactos e perfurações de balas.
Além dessas placas colocadas nas portas, no teto do carro e em outras partes, é aplicado também aço inox nas colunas, encostos dos bancos, fechaduras e retrovisores. As bordas de vidro e as portas também são preenchidas com esse produto. Se tornando assim mais resistentes.
É preciso mencionar também o processo de blindagem dos vidros, que acontece com a substituição de um produto composto por camadas de lâminas de polímero e vidro. Todo esse processo de blindagem costuma durar um período de 30 dias, incluindo o período necessário para a vistoria obrigatória antes do início do processo.
É interessante que durante o processo de blindagem de carros o dono do veículo faça visitas periódicas a empresa responsável pelo serviço, a fim de acompanhar melhor as etapas da modificação.
Quais são os tipos de blindagem de carros?
Assim como existem diferentes calibres de armas, também existem diferentes níveis de blindagem. Conheça melhor cada uma delas e entenda para quais situações elas são indicadas:
Nível I
Esse nível de proteção de blindagem é o mais baixo e mais simples de ser feito. Sua proteção atende apenas armas de calibre menor como pistolas 22 ou 38. É a opção mais barata de blindagem e de menor nível de proteção. Essa blindagem é permitida em nosso país.
Níveis II e II-A
Uma proteção maior que atende a armas de calibre 9 mm e a Magnum 357. Também liberada no país.
Nível III-A
O tipo de blindagem de carros preferido dos brasileiros, esse nível é resistente a todos os calibres de armas de mão e submetralhadoras de 9mm, além da Magnum 44. Essa blindagem chega a ser 4 vezes maior que a mais básica, mas, também é permitida no país.
Nível III
Esse nível de blindagem é de uso restrito, oferece proteção igual ao nível anterior além de ser resistente a fuzis. Seu uso é possível apenas com a liberação do Exército nacional. Por ser uma proteção de maior resistência, também é um processo de adaptação mais demorado e pesado, logo, não é qualquer veículo que a suporta.
Nível IV
Esse tipo de blindagem é proibido para pessoas comuns, civis. Apenas pessoas jurídicas como transportadoras de valores podem fazer uso dessa blindagem resistente até mesmo a tiros de metralhadora.
Entenda melhor os níveis de proteção das blindagens de carros na tabela a seguir:
Armas | Nível I | Nível II e II-A | Nível III-A | Nível III | Nível IV |
Calibres 22 e 38 | X | ||||
Pistola 9 mm | X | ||||
Magnum 44 e submetralhadora | X | ||||
Fuzil | X | ||||
Metralhadora | X |
Fonte: www.doutormultas.com.br
Conheça as novas regras para blindagem de carros
De acordo com a Portaria nº 55 do Comando de Logística do Exército Nacional, as mudanças principais na verdade não alteram os níveis de blindagem, mas sim, os registros de processo, da reparação da blindagem e da resistência do teto solar do veículo.
Desde a data de publicação da portaria, o registro da blindagem deixa de ser feito individualmente para cada veículo, e passa a ser feito no nome do dono do veículo, seja essa, pessoa jurídica ou física.
Logo, com apenas um registro qualquer pessoa poderá ter mais de um carro blindado. Ou seja, para as empresas que precisam de frotas inteiras protegidas, essa alteração é muito benéfica.
Outra mudança é que agora é preciso que o serviço de blindagem conte com um Certificado de Registro no Exército. Assim como fica proibido fazer reparos em vidros blindados, já que depois de algum tempo esses sofrem um processo chamado ‘delaminação’.
Os carros com teto solar também contaram com alterações. A partir da publicação desta portaria, fica registrado que os itens disponíveis para a compra não eram tão baixos assim.
Por que essas mudanças foram feitas?
Alguns estudos mostram que o Brasil é líder mundial quando o assunto é blindagem de carros. Com uma frota de mais de 18,8 mil veículos blindados apenas em 2016. O país hoje conta com uma margem de mais de 60% de carros blindados.
Conforme o Exército Nacional, essas mudanças foram feitas por motivos como:
- O aumento de solicitações de blindagem de carros. Situação que pode ser derivada do aumento da violência nos grandes centros.
- E pelo motivo da norma que existia ser do ano de 2002, e necessitar de alterações administrativas.
Entenda melhor sobre o Certificado de Registro
Conforme as regras antigas, o certificado de registro precisava permanecer apenas com a empresa que responsável pela blindagem. E, para cada carro blindado, a empresa precisava solicitar uma autorização diferente ao Exército.
Com as novas regras, o dono do veículo precisa conseguir o certificado de registro. Para isso é preciso que ele preencha vários formulários, entregue inúmeros documentos e emita algumas certidões de ‘nada consta’ junto a Justiça Federal, Criminal e Militar.
De acordo com o órgão responsável, a taxa do certificado de registro é R$ 100,00 mais os despachantes. As empresas de blindagem para cuidar de todo esse processo, devem cobrar de pessoas físicas por volta de R$ 850,00 e jurídicas em média R$ 1.250,00.
A princípio o prazo de liberação desse certificado era de 3 dias, mas, logo nos primeiros testes foi informado um prazo de 30 dias para a formulação e liberação desse documento.
Atualmente a emissão do certificado de registro é feita pela Sicovab – Sistema de Controle de Veículos Blindados e Blindagens Balísticas, e o documento tem validade de três anos. E caso, o dono do certificado queira blindar outros veículos não é preciso que todo esse processo seja realizado novamente. Basta que ele insira os dados do novo veículo no sistema da Sicovab.
Agora é proibido reparar
Outras das novas regras é a proibição de reparos em latarias ou vidros danificados. Na legislação atual o procedimento correto é a troca das partes danificadas. Ou seja, essa cláusula veta o procedimento de recuperação de vidros e peças danificadas. Visto que essas podem acabar ficando mais fracas.
Novas restrições ligadas ao teto solar
Os carros que possuem teto solar, a partir de agora não poderão mais contar com esse item. Isso porque, as novas regras dizem que mesmo com um alto nível de blindagem, é preciso que o acesso do carro seja feito apenas por partes blindadas igual a carroceria do veículo. Isso porque, antes o custo desse processo eram de até R$ 3 mil, atualmente ele deve custas de R$ 7 mil.
A blindagem de carros agora conta com um prazo de validade
Outra das mudanças inclui um prazo de validade mínima da proteção do veículo, no termo de responsabilidade. Todo material usado para se defender de armas de fogo, isso inclui os painéis usados na carroceria, vai se deteriorando e perdendo a capacidade ao longo dos anos.
Além disso, de uma maneira mais geral, a blindagem de carros realizada dispõe de uma proteção adequada por até 12 meses. Essa alteração também mexeu com o mercado de carros blindados.
É importante ressaltar que essas alterações nas regras para blindagem de carros, acabarão promovendo procedimentos mais caros, mas, também muito mais seguros e inteligentes.
Quais são os cuidados e manutenções necessárias?
Assim como qualquer alteração ou equipamento que seja instalado no carro, a blindagem também necessita de revisão, que normalmente costuma ser feita 10.000 km antes do período programado para a revisão padrão do veículo.
É preciso ficar atento com empresas que oferecem valores muito mais baratos que o normal. Geralmente nesses casos, o que é oferecido a preços tão em conta que a proteção acaba sendo muito menor que a de uma blindagem realmente funcional.
Outra coisa que precisa de atenção é em relação ao peso e abastecimento do carro, se esses não subirem, pode ser sinal de que algo está errado na blindagem.
É importante deixar claro que, a blindagem não deixa o veículo impenetrável. De acordo com as normas do setor, um carro blindado independente da categoria, irá resistir a até 5 tiros em uma área de 20 cm², e nada além disso. Logo, se você encontrar uma empresa que ofereça uma proteção maior que essa, desconfie.
Seguro auto para carros blindados
Ao contrário do que a maioria pode imaginar, o seguro auto para blindados é diferente do tradicional, e pode ser muito mais caro também.
Esse aumento considerável se deve ao fato de que, simplesmente não vale a pena fazer um seguro auto e não incluir a blindagem na cobertura. E para que isso seja possível é preciso que além do valor comum, que já não é dos mais baratos, seja acrescido também uma cobertura específica para a blindagem, o que tornará o pagamento da apólice ainda mais difícil.
Outro fator que encarece muito a apólice é o peso extra da carroceria. A blindagem é bem pesada e pode acabar danificando alguns itens fundamentais do veículo como:
Amortecedores: todo o peso extra aplicado no veículo acaba desgastando os amortecedores antes da hora;
Conjunto de pneus: o mesmo acontece com o conjunto de pneus. Em um carro comum eles costuma durar aproximadamente 50 mil km, já em um veículo blindado a expectativa dos pneus é de apenas 30 mil km.
Janelas: os vidros também ficam mais pesados por causa da blindagem, e esse peso acaba danificando o motor de abrir e fechar os vidros.
Peças de reposição: quando ocorrer um sinistro e algumas partes do veículo precisarem de reparo, é possível que seja necessário trocar toda a peça, ao invés de apenas conversar. E essa conversa não irá transformá-la em algo do demônio!
Como conseguir realizar o seguro auto para carros blindados
Para que seja possível conseguir uma cobertura de seguro auto para carros blindados. É preciso que o proprietário do veículo apresente dois documentos, capazes de comprovar a origem do serviço e a responsabilidade da empresa que o executou:
- A Nota fiscal da realização do serviço da blindagem, que é emitida pela empresa responsável por efetuar a blindagem;
- E o certificado de registro e a autorização fornecidas pelo Exército Brasileiro.
- Também é necessário realizar uma vistoria diferenciada no carro, mesmo que ele seja 0 km.
Vale dizer que mesmo que a empresa e seguros ofereça apólices para carros blindados, não são todos os modelos de carros que são aceitos, portanto, se você está planejando blindar seu veículo, pergunte junto a sua seguradora se ela aceita cobrir um modelo igual ao seu blindado.
Outra informação importante é que nem todas as seguradoras oferecem esse tipo de serviço, isso se deve ao alto valor das apólices. Por isso, pesquise bem entre as empresas escolhidas e certifique-se de que elas fazem esse tipo de seguro e que o fazem corretamente.
Se você estiver considerando a possibilidade de realizar uma blindagem de carros em seu veículo, é importante que você esteja completamente a par das novas regras sobre o assunto. Além claro, de estar ciente sobre valores de prestação de serviço e manutenção da blindagem. Sempre desconfie de preços muito baixos, ou promoções muito vantajosas.
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